Bíblia do povo
O Evangelho Segundo Mateus (Mt), capítulo 26, vesículo 29
O Evangelho Segundo Mateus (Mt) 26:29
29 E vos afirmo que, de agora em diante, não mais tomarei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o novo vinho, convosco, no Reino de meu Pai”.
A trama para matar Jesus (Mc 14.3-9; Lc 22.1-2; Jo 11.45-53)
1 Tendo Jesus concluído esses ensinamentos, declarou aos seus discípulos:
2 “Como sabeis, daqui a dois dias, a Páscoa será celebrada; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado”.
3 Enquanto isso, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás.
4 E fizeram um acordo para prender Jesus por meio de traição e matá-lo.
5 Porém recomendaram: “Que isso não seja feito durante a festa, para que não ocorra grande alvoroço entre o povo”.
Jesus é ungido para o sacrifício (Mc 14.3-9; Jo 12.1-8)
6 E aconteceu que, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso,
7 chegou próximo dele uma mulher portando um frasco de alabastro, repleto de perfume caríssimo, e lhe derramou sobre a cabeça, enquanto ele estava reclinado à mesa.
8 Diante daquela cena, os discípulos se indignaram e comentaram: “Por que este desperdício?
9 Porquanto esse perfume poderia ser vendido por alto preço e o dinheiro dado aos pobres!”
10 Percebendo isso, Jesus repreendeu-os: “Por que molestais esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo.
11 Pois, quanto aos pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tereis.
12 Ao derramar sobre o meu corpo esse bálsamo, ela o fez como que preparando-me para o sepultamento.
13 Com toda a certeza vos afirmo: Em todos os lugares do mundo, onde este evangelho for pregado, igualmente será contado o que essa mulher realizou, como um memorial a ela”.
O pacto da traição (Mc 14.10-11; Lc 22.3-6)
14 E aconteceu que um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ao encontro dos chefes dos sacerdotes e lhes propôs:
15 “O que me dareis caso eu vo-lo entregue?” E lhe pagaram o preço: trinta moedas de prata.
16 E, desse momento em diante, procurava Judas uma ocasião apropriada para entregar Jesus.
A Ceia da Páscoa com Jesus (Mc 14.12-26; Lc 22.7-23; Jo 13.18-30)
17 No primeiro dia da festa dos Pães As-mos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e o consultaram: “Onde desejas que preparemos a refeição da Páscoa?”
18 Ao que Jesus os orientou: “Ide à cidade, procurai um certo homem e falai a ele: ‘O Mestre manda dizer-te: É chegada a minha hora. Desejo celebrar a Páscoa em tua casa, juntamente com meus discípulos.’”
19 Os discípulos fizeram como Jesus lhes havia instruído e prepararam a Páscoa.
Jesus revela o traidor (Mc 14.17-21; Lc 22.21-23; Jo 13.21-30)
20 Ao pôr do sol, estava Jesus reclinado, próximo à mesa, com os Doze.
21 E, durante a refeição, Jesus revelou: “Com toda a certeza vos afirmo que um dentre vós me trairá”.
22 Essa declaração consternou a todos e começaram a indagar, um após outro: “Senhor! Porventura, serei eu?”
23 Indicou-lhes Jesus: “Aquele que comeu juntamente comigo, do mesmo prato, este é o que vai me trair.
24 O Filho do homem vai, como de fato está escrito a respeito dele. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria jamais haver nascido”.
25 Então Judas, que haveria de consumar a traição, disse: “Acaso, seria eu, meu Mestre?” E Jesus afirmou-lhe: “Sim, tu o declaraste!”
A Ceia do Senhor (Mc 14.22-26; Lc 22.14-20; 1Co 11.23-25)
26 Enquanto comiam, Jesus pegou um pão, deu graças, quebrou-o, e o deu aos seus discípulos, recomendando: “Tomai, comei; isto é o meu corpo”.
27 Em seguida tomou um cálice, deu graças e o entregou aos seus discípulos, proclamando: “Bebei dele todos vós.
28 Pois isto é o meu sangue da aliança, derramado em benefício de muitos, para remissão de pecados.
29 E vos afirmo que, de agora em diante, não mais tomarei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o novo vinho, convosco, no Reino de meu Pai”.
30 E assim, após terem cantado um hino de louvor, saíram para o monte das Oliveiras.
Jesus prediz a traição de Pedro (Mc 14.27-31; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38)
31 Então Jesus lhes revelou: “Ainda esta noite, todos vós me abandonareis. Pois assim está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão afugentadas’.
32 Todavia, depois de ressuscitar, seguirei adiante de vós rumo à Galileia”.
33 Respondeu-lhe Pedro: “Ainda que venhas a ser motivo de escândalo para todos, eu jamais te abandonarei!”
34 Replicou-lhe Jesus: “Com certeza te asseguro que, ainda nesta noite, antes mesmo que o galo cante, três vezes tu me negarás”.
35 Então Pedro lhe declarou: “Mesmo que seja necessário que eu morra junto a ti, de modo algum te negarei!” E todos os discípulos fizeram a mesma afirmação.
Jesus ora no Getsêmani (Mc 14.32-42; Lc 22.39-46)
36 Seguiu Jesus com seus discípulos e chegando a um lugar chamado Getsêmani disse-lhes: “Assentai-vos por aqui, enquanto vou ali para orar”.
37 Levou consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, e começando a entristecer-se ficou profundamente angustiado.
38 Então compartilhou com eles dizendo: “A minha alma está sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a mim”.
39 Seguindo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Ó meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja como Eu desejo, mas sim como Tu queres”.
40 Mas, ao retornar à presença dos seus discípulos os encontrou dormindo e questionou a Pedro: “E então? Não pudestes vigiar comigo durante uma só hora?
41 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca”.
42 E afastando-se uma vez mais, orou dizendo: “Ó meu Pai, se este cálice não puder passar de mim sem que eu o beba, seja feita a tua vontade”.
43 Quando voltou, entretanto, surpreendeu novamente seus discípulos dormindo, pois não suportaram os olhos pesados de sono.
44 Então, retirou-se novamente, e foi orar pela terceira vez, proferindo as mesmas palavras.
45 Passado algum tempo, voltou aos discípulos e indagou: “Ainda dormis e descansais? Eis que a hora é chegada! Agora o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores.
46 Levantai-vos e sigamos! Eis que meu traidor está se aproximando”.
Jesus é traído e preso (Mc 14.43-50; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11)
47 E, estando Ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos Doze, e trazia consigo uma grande multidão armada de espadas e porretes, vinda da parte dos chefes dos sacerdotes e dos líderes religiosos do povo.
48 Mas o traidor havia combinado um sinal com eles, informando-lhes: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, esse é quem procurais, prendei-o!”
49 Então, aproximando-se rapidamente de Jesus, disse-lhe Judas: “Eu te saúdo, ó Mestre!” E lhe deu um beijo.
50 Jesus, contudo, lhe perguntou: “Amigo, para que vieste?” No mesmo instante os homens avançaram sobre Jesus e o prenderam.
51 Eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou a espada e ferindo o servo do sumo sacerdote, decepou-lhe uma das orelhas.
52 Mas Jesus lhe ordenou: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão!
53 Ou imaginas tu que Eu, neste momento, não poderia orar ao meu Pai e Ele colocaria à minha disposição mais de doze legiões de anjos?
54 Entretanto, como então se cumpririam as Escrituras, que afirmam que tudo deve acontecer desta maneira?”
55 E naquele mesmo instante Jesus se dirige às multidões indagando-lhes: “Lidero Eu algum tipo de rebelião, para que venham contra mim com espadas e porretes e me prendam? Pois todos os dias estive ensinando no templo e vós não me prendestes!
56 Todavia, esses fatos todos ocorreram em cumprimento às Escrituras dos profetas”. E assim, todos os discípulos abandonaram a Jesus e fugiram.
Jesus diante do tribunal (Mc 14.53-65; Lc 22.63-71; Jo 18.12-14, 19-24)
57 Então, os que prenderam Jesus o conduziram à presença de Caifás, o sumo sacerdote, em cuja residência estavam reunidos os mestres da lei e os anciãos.
58 Contudo Pedro seguiu a Jesus de longe até o pátio do sumo sacerdote, entrou e sentou-se junto aos guardas, para sondar qual seria o fim daquela ocorrência.
59 Mas os líderes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam tentando suscitar um falso testemunho contra Jesus, para que tivessem o direito de condená-lo à morte.
60 Todavia, nada encontraram, apesar de se terem apresentado vários depoimentos inverídicos. Ao final, entretanto, compareceram duas testemunhas que alegaram:
61 “Este homem afirmou: ‘Tenho poder para destruir o santuário de Deus e reconstruí-lo em três dias’”.
62 Então o sumo sacerdote levantou-se e interrogou a Jesus: “Não tens o que responder a estes que depõem contra ti?”
63 Mas Jesus manteve-se em silêncio. Diante do que o sumo sacerdote lhe intimou: “Eu te coloco sob juramento diante do Deus vivo e exijo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus!”
64 “Tu mesmo o declaraste”, afirmou-lhe Jesus. “Contudo, Eu revelo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso, vindo sobre as nuvens do céu!”
65 Diante disso, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes denunciando: “Ele blasfemou! Por que necessitamos de outras testemunhas? Eis que acabais de ouvir tal blasfêmia!”
66 “Que vos parece?” Responderam eles: “Culpado e merecedor de morte é!”
67 Neste momento, alguns cuspiram em seu rosto e o esmurravam, enquanto outros lhe desferiam tapas, vociferando:
68 “Profetiza-nos, pois, ó Cristo, quem é que te bateu?”
Quando Pedro negou a Jesus (Mc 14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27)
69 Pedro encontrava-se assentado do lado de fora da casa, no pátio, quando uma criada, aproximando-se dele, afirmou: “Tu também estavas com Jesus, o galileu!”
70 Ele, entretanto, negou a Jesus perante todos os presentes, declarando: “Não sei do que falas”.
71 E, saindo em direção à entrada do pátio, foi ele reconhecido por outra criada, a qual o denunciou a todos que ali se achavam, exclamando: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno!”
72 Mas Pedro, sob juramento, o negou uma vez mais, afirmando: “Não conheço tal indivíduo”.
73 Algum tempo mais tarde, os que estavam ao redor aproximaram-se de Pedro e o acusaram: “Com toda a certeza és igualmente um deles, porquanto o teu modo de falar o denuncia”.
74 Então, ele começou a jurar e a pedir a Deus que o amaldiçoasse caso não estivesse dizendo a verdade, e exclamou: “Não conheço esse homem!” No mesmo instante um galo cantou.
75 E naquele momento, Pedro se lembrou da palavra de Jesus que lhe advertira: “Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.” E, deixando aquele lugar, chorou amargamente.
Capítulos de O Evangelho Segundo Mateus (Mt)
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